terça-feira, setembro 01, 2009

Outra "Lei Seca"...

"Don´t get me wrong. If you say "hello" and I take a ride...
Tradução: Não me leve a mal se você disser olá...e eu pegar uma carona...(Sei que tinha posto uma antes...mas...pensando bem achei que esta tem mais sentido com o artigo que a anterior)


Não é sobre sexo este post. Apesar de que pode estar envolvido. Não é só a preocupação em beber ou não, quando você sai, ainda mais motorizado. Existe outra Lei Seca que tem dificultado as saídas sociais. A "Lei Seca" da Comunicação. E, nos vemos em blitz sem fim pela cidade.

Vivemos na era da Informação e conhecimento, e, no entanto, o contra-senso: falta comunicação ou ela falha.  Isso sem contar que a comunicação é tão simples que mesmo as crianças aprendem sem terem sido ensinadas.

Muita gente acha que comunicar, trocar, ou seja qual for a definição para uma boa conversa - física ou virtual - é simplesmente dizer alguma coisa. E, muitas vezes, apenas retornar ao interlocutor. Educação? Pergunto: Do que adianta se o receptor não entendeu a mensagem? E ainda por cima não a absorveu. Talvez o caso aqui seja o mais recorrente. As pessoas estão realmente interessadas em se comunicar?

Um exemplo simples: Já tentou dar "bom dia" ao seu vizinho sem parecer que está dizendo um palavrão? Não se joga mais conversa fora, e se jogar,cuidado com o que pode vir de volta. O jogo de palavras fica mais confuso do que as palavras- cruzadas dos jornais.

Não digo que seja necessária uma conversa inteligente, mas pelo menos interessante. Não pensem, com isso, que não gosto de uma boa piada. Muitas pessoas sensíveis e inteligentes comunicam-se bem em situações profissionais, mas não na intimidade. Uma de suas funções, a de aproximar e revelar, se perde nas entrelinhas. E o assunto se resume à inutilidade pública da vida alheia. "Vamos para um papo mais leve, e menos cabeção" , como os mais jovens costumam dizer.

Li em um site, recentemente, que: “A comunicação aumenta a possibilidade de semelhança entre as pessoas, porque intensifica as trocas e, também, de colaborarem para a consecução de um objetivo.”

Ai reside o problema maior na falha ou falta de comunicação que é cometida todos os dias. Qual é o Objetivo? Na minha ida aos bares, centros culturais, jantares e festas, meu  intuito é trocar informação. É sair de casa e voltar com uma idéia diferente, com um novo pensamento entre outras tantas novidades. Eu saio de casa com o objetivo de somar. Mas o que tenho percebido é que as pessoas querem mesmo é subtrair. Seria essa a matemática da vida?

Se você estiver sozinha então no meio da multidão, nem se fala. Talvez as pessoas estejam tão estressadas com o meio, que as conversas hoje ganham ares de puro “material biodegradável”. Nem mesmo reciclar o tal “material” fica possível. Parece que estão imersos em uma bolha de proteção aos “agentes externos”. E, querem se entorpecer mais e mais do perfume saído de palavras. Que retornam ao ambiente... inebriando-o de um ar vago. Daqueles que saem pela janela sem dono nem destino.

Tenho uma amiga que ao final de cada frase, dependendo do receptor, ela usa o jargão: Pronto falei! Viu, a frase não precisa só de pontuação para ter a função de comunicar uma verdade ou opinião. Precisa de um pouco mais.

Nas relações já iniciadas, o problema é ainda maior. Isso sem esquecer que o receptor certas vezes consegue, cientificamente, o improvável. Uma ligação direta entre os ouvidos, em que a mensagem chega e sai do outro lado sem sequer passar entre outros órgãos no meio do caminho.

Outras vezes, o interlocutor não sabe o que quer dizer, ou melhor, quer e não quer dizer. Envia sua mensagem escolhendo um jogo de palavras em que até ele se perde. Transformando a conversa num labirinto, caça-palavras, enigma sem fim. Isto acontece com mais freqüência nos diálogos entre homens e mulheres, nas baladas, ficadas, pós-ficadas, nos namoros, casamentos e separações. Onde me parece o objetivo é se conhecer. Será?

Estudos revelam que 55% do resultado de um contato decorre de nossa linguagem corporal, ou seja, de nosso comportamento físico, como gestos, sorriso e  expressão facial; 38% é resultado de nosso tom de voz e da maneira como nos expressamos; e apenas 7% tem a ver com as palavra que usamos. Imagine então as conversas em chats, celulares e MSN. Ao meu ver, nos tempos modernos, estamos tão preguiçosos que nossa linguagem corporal se transformou num grande emaranhado de emoticons, os tons são quase ringtones e as palavras se resumiram a siglas. 

Mensagens como os exemplos abaixo, ganharam ares puramente metafóricos. Por isso, fique alerta.

1- ” Foi ótimo ter te conhecido” - Legal mais fica pra próxima. Não, não quero ter contato com você.
2- ” Te ligo amanhã“ - Pode ser nunca, talvez ou quem sabe algum dia.
3-“Fico com os discos do Bob Marley” - Quero que você se ferre, logo isso não vai com você.
4- "A fulana não sabe sequer usar o vestido com a bolsa" - Olha estou com falta de assunto.


Citando Oliver Wendell Homes, célebre jurista, tenho a impressão que nos perdemos no meio da estrada. Tomamos algum atalho demasiado escondido.

“Quando duas pessoas estão conversando, há, a rigor, seis pessoas envolvidas: Primeiro você, como eu penso que você é; e depois, eu, como você pensa que eu sou. Depois há como você pensa que é e, eu, como eu penso que sou. E, finalmente, mais duas: cada um de nós como realmente somos”.

Confuso? Calma...

Oliver pode ter toda a razão, mas esquecemos os que nossas sábias avós diziam: “uma boa conversa pode fazer milagres”. É, apesar de aqui estar em nossas mãos... parece que duvidamos de nossa própria “intervenção divina”.  

*Para ler ouvindo... Don´t get me wrong, dos Pretenders.
Foto de: Chris Prado

Nenhum comentário:

Postar um comentário